O país que se agarra à rádio para fugir ao isolamento Notícias Rádio nos media Outubro 25, 2021Dezembro 16, 2021 Lisboa, 25 Out. 2021 (Sara Dias Oliveira – Noticias Magazine) O papel comunitário é evidente (há um estudo que o comprova), o alcance ultrapassa sintonias e frequências, o impacto é tremendo. Os ouvintes contam como é. É uma companhia que preenche os dias, uma família que se constrói e consolida, uma terapia que contorna a tristeza e a solidão. Os alicerces são simples, mas robustos. E elas, mês após mês, resistem, sobrevivem, e fazem milagres. Todos os dias, faça chuva ou faça sol, no verão é mais pela fresca, por volta das cinco e meia da manhã, no inverno, um bocadinho mais tarde, normalmente depois das nove, Mário Augusto Brás sai de casa em Passos, Mirandela, para levar o rebanho a pastar. São 83 cabras de várias cores, russas, brancas, castanhas, que andam pelos montes à procura do melhor pasto. “São as minhas meninas.” O pastor, de 64 anos, leva sempre o rádio atrás. Há tempos, andava com dois telemóveis, um para ouvir a Onda Livre, rádio de Macedo de Cavaleiros, outro para ligar para a estação para pedir músicas e fazer dedicatórias. Um dos aparelhos avariou, agora leva um transístor que não precisa de pilhas, tem bateria, carrega com eletricidade. Volta e meia, no monte, a rede falha. Nada que o desestabilize. “A rádio, para mim, é fantástica, é mais do que uma família. Ouço todos os dias, quase sempre ligo e, quando calha, põe-nos a falar uns com os outros, apesar de não nos conhecermos. Estamos sempre em contacto, o que é muito interessante.” Manuela Almeida, 57 anos, de Canelas, Vila Nova de Gaia, é costureira, trabalha sozinha em casa, tem o rádio sempre ligado na Rádio Sintonia, de Santa Maria da Feira, de manhã à noite, há noites que fica ligada, a televisão dá-lhe sono. Mora com o marido, a filha já foi à sua vida, a rádio é uma companhia, uma paixão, um bichinho que ficou do pai que tinha rádios espalhados por toda a casa. “A rádio é um complemento da minha felicidade, faz parte de mim, é tão importante como o ar que respiro.” Um amor tão intenso que, por vezes, confessa, não encontra palavras para o descrever, mas que vai descrevendo tão bem. “Estou a trabalhar e a ouvir rádio. Estou sozinha, mas não estou. Faz-me bem, é como ter um grupo de pessoas à minha volta”, compara. Continuar a ler em Noticias Magazine Share on Facebook Share Share on TwitterTweet Share on Pinterest Share Share on LinkedIn Share Share on Digg Share